Feedback, um bicho de sete cabeças ou uma arma poderosa?

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Escrito por

Marina Pinho

Communication Manager

O feedback no local de trabalho é uma das ferramentas mais simples e poderosas que se pode utilizar para melhorar o desempenho dos trabalhadores. Este prende-se com a comunicação de informação pertinente relativa ao desempenho de alguém, com vista a melhorar a sua prestação, influenciando diretamente a sua motivação.

Encontramo-nos, diariamente, rodeados por vários tipos de feedback. Desde o sermão dos pais ou dos/as companheiros/as por não termos feito aquele recado importante, à sugestão de um cliente para darmos um novo rumo a um projeto que temos em mãos.

A forma mais tradicional de feedback, remonta aos anos 50, quando os superiores hierárquicos apenas transmitiam aquilo que se encontrava a funcionar mal e que deveria ser corrigido. Contudo, hoje em dia, tanto os supervisores como os trabalhadores  procuram trabalhar conjuntamente, em prol de objetivos comuns, adotando uma comunicação mais frequente e bidirecional.

Cada vez mais, os trabalhadores valorizam esta comunicação, de forma a poderem ajustar o seu trabalho àquilo que é esperado. Com a saída dos baby-boomers (nascidos entre 1947 e 1963, segundo Cogin, 2012) do mercado de trabalho, torna-se também importante saber como comunicar com as gerações mais novas presentes no mesmo, os tão famosos millennials (nascidos entre 1979 e 1994). Estes sentem uma grande necessidade de terem este retorno por parte de quem os lidera, uma vez que lhes traz maior confiantes com o seu trabalho.

O feedback pode-se ainda dividir em dois tipos: positivo e corretivo (ou negativo). O primeiro consiste em valorizar os comportamentos positivos, elogiando aquilo que se faz de bem. Por outro lado, o corretivo, como o próprio nome indica, pretende salientar as ações que devem ser corrigidas.

Normalmente, as pessoas tendem a optar por dar apenas feedback positivo, por medo da reação da outra pessoa. Contudo, num estudo realizado por Jack Zenger e Joseph Folkman, em 2014, 57% dos inquiridos demonstraram preferir receber feedback negativo em vez do positivo, pois sentem que este tem um impacto maior na melhoria do seu desempenho. Neste sentido, saber como e quando dar e receber feedback, principalmente o negativo, é algo de extrema importância para todos nós.

Feedback - Mulher sentada a ouvir outra

Mas, como se deve dar feedback de forma a ajudar o outro a melhorar continuamente? 

Abaixo seguem-se algumas dicas para que possa dar feedback eficazmente aos seus trabalhadores e/ou colegas. Assim, estará a potenciar a satisfação e comunicação, tanto dentro do seu local de trabalho, como na sua vida pessoal:

  • Foque-se no resultado final: Quando der feedback a alguém, procure responder à questão: “Para esta pessoa ter o melhor desempenho possível, quais são os comportamentos que deve aumentar e quais os que deve diminuir?”. Assim, estará a transmitir o que o trabalhador já faz de eficaz e, por isso, deverá continuar a fazer, e o que deverá mudar de forma a melhorar.

  • Seja específico: Evite usar termos vagos. Para se conseguir focar no resultado final, deve dar feedback construtivo especificando claramente como é que a pessoa a quem se dirige pode melhorar o seu trabalho para ir ao encontro do pretendido.

  • Valorize o progresso: Os trabalhadores sentem-se mais motivados quando têm um fim em mente. Desta forma, procure formular pequenos pedidos que contribuam para o projeto global, para que os colaboradores sintam que estão a progredir.

  • Aborde o negativo, mas não se esqueça de elogiar o positivo: Por vezes, torna-se difícil dar feedback negativo, contudo, este é muito importante para a melhoria contínua do desempenho. Por outro lado, o feedback positivo também é muitas vezes negligenciado, principalmente na cultura portuguesa. Desta forma, é importante que os trabalhadores sejam reconhecidos pelo progresso que realizam, sendo uma forma de lhes fomentar o comprometimento e a motivação.

Lembre-se que a comunicação permeia todos os aspetos da nossa vida, pelo que poderá sempre implementar estas técnicas no seu meio pessoal. Os que o rodeiam agradecem!

Fontes:

Anderson, E., Buchko, A. A., & Buchko, K. J. (2015). Giving negative feedback to Millennials. How can managers criticize the “most praised” generation. Management Research Review, 39(6), pp. 692-705. Doi: 10.1108/MRR-05-2015-0118

Cogin, J. (2012). Are generational differences in work values fact or fiction? Multi-country evidence and implications.The International Journal of Human Resource Management, 23 (11), 2268-2294. Doi:10.1080/09585192.2011.610967

Glei, J. K. (2016, outubro 7). How to Give Negative Feedback Over Email. Harvard Business Review.

Hattie, J., & Timperley, H. (2007). The Power of Feedback. Review of Educational Research, 77(1), pp. 81-112. Doi: 10.3102/003465430298487

Porter, J. (2017, outubro 27). How to Give Feedback People Can Actually Use. Harvard Business Review.

Zenger, J., & Folkman, J. (2014, Janeiro 15). Your Employees Want the Negative Feedback You Hate to Give. Harvard Business Review.