CV para inteligência artificial: erros a evitar e como te destacares

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Escrito por

Marina Pinho

Communication Manager

Criar um bom CV é mais do que escolher um design bonito ou escrever frases impactantes. Se queres candidatar-te a vagas em empresas que usam plataformas de recrutamento automatizado (e muitas já o fazem), precisas de garantir que o teu currículo é compatível com sistemas de triagem baseados em Inteligência Artificial (IA).

Neste artigo mostramos-te como estruturar um CV que funcione bem com ferramentas de IA, sem perder o toque humano. Vamos falar sobre o que deves (e não deves) incluir, os erros a evitar, como usar palavras-chave, exemplos de estrutura e tudo o que te vai ajudar a destacar-te.

O que são ferramentas de IA no recrutamento? 

Hoje em dia, as empresas, especialmente as de média e grande dimensão, usam  sistemas automáticos para pré-filtrar CVs. Estas plataformas, também conhecidas como ATS (Applicant Tracking Systems), analisam o teu currículo à procura de palavras-chave, formato, organização da informação e critérios definidos pela empresa.

Se o teu CV não estiver otimizado para estas ferramentas, pode ser automaticamente excluído, mesmo que tenhas todas as competências certas. E é precisamente por isso que saber como o preparar para passar nesses filtros é tão importante. Demonstra não só atenção ao detalhe e consciência do mercado, mas também proatividade, atualidade e capacidade de adaptação,  qualidades cada vez mais valorizadas pelas empresas. Quando adaptas o teu CV a estas realidades, estás a mostrar que percebes o contexto atual do recrutamento e que sabes como posicionar o teu valor de forma inteligente.

Estrutura ideal de um CV para IA (e humanos) 

Para garantir que o teu CV é lido (por IA e por pessoas), deves seguir uma estrutura simples, direta e organizada. Esta estrutura também é recomendada para quem quer destacar o essencial sem perder impacto. 

Não é apenas a IA que lê desta forma: os recrutadores, muitas vezes, analisam dezenas de currículos por dia e tendem a ler a informação na diagonal. Um layout claro, com secções bem definidas e palavras-chave visíveis, facilita essa leitura rápida e aumenta as tuas hipóteses de captação de atenção logo nos primeiros segundos.

1. Informação pessoal e de contacto 

Começa com os teus dados essenciais para contacto, mas evita excesso de informação que não acrescenta valor ao processo de triagem:

  • Nome, email, telefone, localidade (com o distrito), link para o teu perfil de LinkedIn (ou GitHub se aplicável).

  • Evita incluir dados pessoais não relevantes para o processo e que comprometam a tua segurança como número de contribuinte, passaporte  ou morada completa.

2. Resumo profissional 

Esta secção é o teu pitch inicial. Em poucas linhas, mostra quem és, o que fazes e o que procuras:

  • Um parágrafo direto a indicar quem és, por exemplo, se trabalhas como engenheiro de cibersegurança, podes escrever: "Sou engenheiro de cibersegurança com 5 anos de experiência em ambientes corporativos. Especializado em gestão de vulnerabilidades e resposta a incidentes, procuro integrar uma equipa de segurança com foco em proteção de infraestruturas cloud."

  • Usa linguagem objetiva e adapta o texto à vaga e à cultura da empresa para a qual te estás a candidatar.

3. Experiência profissional

Aqui deves mostrar não só onde estiveste, mas também o que alcançaste. Para cada experiência profissional, deves indicar claramente o nome da empresa, o teu cargo, o período em que lá estiveste e um pequeno resumo das tuas principais responsabilidades e tarefas. É também essencial mencionar as ferramentas e tecnologias que utilizaste em cada função, especialmente se forem relevantes para a vaga a que te estás a candidatar: 

  • Segue a ordem cronológica inversa (da experiência mais recente para a mais antiga), com a data de início e de fim em cada uma delas.

  • Inclui nome da empresa, cargo, datas, responsabilidades e conquistas com dados concretos.

  • Refere as ferramentas técnicas ou plataformas utilizadas em cada contexto (ex.: AWS, Jira, SQL, Figma, SAP...).

4. Formação académica

Se estás atualmente a estudar ou a terminar o curso e ainda não tens experiência profissional relevante, o mais indicado é começares o teu CV com a secção da formação académica.

prioridade ao grau mais recente e apresenta-o em primeiro lugar. Assim, quem analisa o teu currículo consegue rapidamente perceber o teu nível de formação e o que estás a estudar neste momento. Indica sempre o nome da instituição de ensino, o curso, e as datas de início e conclusão. Caso ainda não tenhas terminado, podes escrever “em curso” ou indicar a data prevista de conclusão.

Também podes incluir a tua média (se for positiva para ti) e resumir brevemente o que tens aprendido durante o percurso académico. Se a tua licenciatura ou mestrado tiver uma vertente técnica específica, como segurança informática, ciência de dados ou engenharia de software, explica isso de forma clara. Refere ainda as ferramentas ou linguagens de programação que dominaste no percurso, como Python, SQL, Figma ou SAP.

Esta é uma secção essencial para quem está a entrar no mercado de trabalho. Dá destaque a projetos académicos, trabalhos práticos, estágios curriculares ou atividades extracurriculares relevantes como hackathons, concursos ou formações paralelas. Tudo o que demonstre iniciativa, aplicação prática de conhecimentos e vontade de aprender será valorizado.

Se quiseres simplificar esta parte do teu CV, aqui ficam algumas sugestões práticas:

  • Realça o teu curso e o grau académico com destaque no topo da secção.

  • Especifica os tópicos técnicos que estudaste (ex.: bases de dados, redes, machine learning).

  • Inclui ferramentas e linguagens aprendidas (ex.: Java, HTML, Power BI).

  • Refere trabalhos ou projetos individuais ou em grupo que mostrem capacidade prática.

  • Se participaste em eventos técnicos ou competições, menciona-os como reforço da tua motivação.

  • Resume o que estás a desenvolver na tese, se aplicável, com foco técnico e aplicabilidade.

5. Competências técnicas e linguísticas

Dá destaque às tuas competências técnicas, organizadas de forma clara e que facilitem a leitura. Esta secção é também uma das mais relevantes para os sistemas ATS, que funcionam com base na correspondência de palavras-chave. Por isso, certifica-te de que as competências listadas coincidem com os requisitos mencionados no anúncio de emprego, usando os mesmos termos ou expressões técnicas. Isto aumenta significativamente a probabilidade do teu CV ser identificado como relevante pelo sistema e, por consequência, chegar até aos olhos certos: 

  • Separa por áreas: linguagens de programação, frameworks, ferramentas, metodologias, línguas.

  • Usa bullet points simples e fáceis de "ler na diagonal".

  • Dá prioridade às competências mais relevantes para a vaga.

  • Utiliza a mesma nomenclatura usada na descrição da oferta (ex.: "Power BI" em vez de "BI Tools").

Mulher sentada num escritório moderno, a trabalhar no portátil enquanto segura uma caneca, com um ambiente organizado e plantas decorativas ao fundo.

6. Soft skills e interesses pessoais

Embora não sejam o foco principal de um CV técnico, incluir uma secção com as tuas soft skills (como comunicação, resolução de problemas ou trabalho em equipa) pode ajudar a reforçar o teu perfil. Certifica-te de que essas competências são coerentes com a descrição da vaga e com os desafios do cargo. Evita listas genéricas e opta por mencionar apenas aquelas que consegues justificar com exemplos.

Também podes reservar uma linha ou duas para hobbies ou interesses pessoais que demonstrem iniciativa, criatividade ou capacidade de trabalho em equipa (como voluntariado, desporto coletivo ou projetos paralelos), mas apenas se acrescentarem valor ao teu perfil profissional.

O que deves evitar (erros comuns) 

Mesmo com um bom conteúdo, existem escolhas de apresentação e linguagem que podem comprometer o sucesso do teu CV, especialmente quando este é avaliado inicialmente por sistemas automáticos. Para aumentares a tua probabilidade de sucesso, evita os seguintes erros comuns:

  • CVs com designs demasiado criativos, tabelas, ícones e colunas por vezes confundem os ATS.

  • Informações em cabeçalhos ou rodapés podem não ser lidas.

  • Palavras genéricas e vagas (“dinâmico”, “espírito de equipa”) sem contexto. Estes termos são muitas vezes ignorados pelos sistemas de triagem automática (ATS), porque não traduzem competências específicas nem são mensuráveis.

  • Listas demasiado longas de competências que não são relevantes para a vaga.

  • Evita formatos incompatíveis e opta por PDF ou DOCX simples.

Dicas para maximizar a compatibilidade com IA

Para além da estrutura, existem alguns ajustes estratégicos que aumentam muito a eficácia do teu CV quando passa por sistemas de triagem automática. Estas dicas ajudam a garantir que o teu currículo é detetado como relevante tanto por algoritmos como por recrutadores humanos:

  • Usa palavras-chave específicas da vaga: Analisa o anúncio de emprego. Se procuram "React e TypeScript em contexto Agile", inclui essas expressões literalmente (se fizerem sentido no teu perfil). Este tipo de correspondência direta entre o anúncio e o teu CV facilita o reconhecimento por parte dos ATS e aumenta as tuas chances de ser selecionado.

  • Dá ênfase a resultados concretos: Transforma frases genéricas como “responsável por gerir uma equipa” em algo mais mensurável e objetivo, por exemplo: “coordenei uma equipa de 4 developers, tendo atingido uma taxa de cumprimento de prazos durante 12 meses de 100%”. Resultados concretos dão-te credibilidade e distinguem-te da concorrência.

  • Personaliza sem complicar: Adapta o resumo e a ordem dos tópicos para dar mais destaque ao que é relevante para cada vaga. Pequenas alterações estratégicas podem fazer a diferença entre passar o filtro automático ou não.

  • CV para IA não significa perder autenticidade: O objetivo não é robotizar o teu currículo, mas tornar a informação acessível a quem recruta, com ou sem IA pelo meio. Ainda que o sistema leia primeiro, serão pessoas a tomar a decisão final. Por isso, sê claro, direto, e mostra o teu valor.

Conclusão 

O teu CV continua a ser o teu primeiro cartão de visita e com cada vez mais filtros automáticos, precisa de ser eficaz tanto para algoritmos como para pessoas. Apostar numa estrutura limpa, usar palavras-chave certas e apresentar resultados concretos são passos simples que te podem colocar à frente.

Na Dellent, sabemos o que faz um bom CV brilhar entre centenas de candidaturas. Consulta as nossas vagas ou envia o teu currículo atualizado para te ajudarmos a encontrar o próximo desafio em tecnologia. Ah e não te preocupes, temos humanos a analisarem todas as candidaturas que recebemos 😉