10 perguntas de entrevista mais frequentes e como responder

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Escrito por

Marina Pinho

Communication Manager

Apesar de serem o objetivo de qualquer profissional que se encontre à procura de um novo emprego, as entrevistas são sempre momentos stressantes. É onde a síndrome de impostor, o perfeccionismo e a ansiedade se manifestam mais fortemente, muitas vezes em simultâneo. No fim de contas é um momento onde temos de partilhar, explicar, justificar e pôr à prova muitas das nossas experiências e conhecimentos. Mas e se houvesse uma forma de sabermos exatamente que perguntas nos vão colocar? Bom, isso é muito difícil de conseguirmos oferecer, mas podemos pelo menos indicar-te quais são as questões mais comuns e como te podes preparar para elas. É isso mesmo que vais encontrar neste artigo. 

Antes de te apresentarmos as perguntas, deves ter em mente que o objetivo não é decorar as respostas e ires “debitar” essa informação. A entrevista não é só o momento em que a pessoa que está a contratar esclarece as dúvidas e questões com que ficou depois de analisar o teu currículo. É também uma excelente oportunidade para tu próprio conheceres melhor a cultura da empresa, a vaga, a equipa e o teu potencial novo chefe. Por isso aproveita o momento para mostrares a tua personalidade e conduzir um pouco a conversa sempre que possível. Não te foques demasiado nas respostas “certas” a ponto de perderes tua a espontaneidade. 

Vamos então conhecer as 10 perguntas de entrevista mais frequentes e como deves responder: 

1 - Fala-me um pouco sobre ti e sobre o teu percurso profissional. 

Apesar de ser a mais frequente e de ser algo relativamente simples de responder, alguns candidatos ainda cometem certos erros no que toca à resposta. 

Primeiro é importante perceberes o que os recrutadores procuram saber com esta pergunta. Praticamente todos os hiring managers já viram o teu currículo antes da entrevista, no entanto o CV não conta a história toda, por isso, com esta pergunta tens a oportunidade de explicar com mais detalhe os projetos nos quais participaste, demonstrar qual foi o impacto real do teu trabalho e dar ênfase às tecnologias com as quais mais contactaste. Para além disso podes ainda explicar detalhadamente certos pontos que podem suscitar dúvidas como gaps ou mudanças de emprego. É também uma boa oportunidade para estabeleceres a ligação entre a tua experiência e os requisitos da vaga. 

Depois, a forma como contas a tua história também é importante. Não sejas demasiado pormenorizado pois não é isso que se pede. Não precisas de começar a contar os teus sonhos de criança em detalhe. Se sentires que o recrutador está a tentar apressar a tua resposta é porque provavelmente estás a falar demais! Por outro lado, não sejas demasiado conciso para que o recrutador não pense que estás a tentar esconder algo ou que não tens muito interesse em partilhar o teu percurso. E, por favor, nunca, mas nunca digas que “está tudo no CV”. 

2 - Já conhecias a nossa empresa? 

Aqui vai uma “tricky question”. O recrutador não quer só saber se já conhecias a empresa para a qual te estás a candidatar. Quer saber se fizeste o trabalho de casa e foste pesquisar sobre a mesma. Por isso, mesmo que sejas chamado a entrevista para um projeto de uma empresa que não conheces, investe 10 minutos do teu dia a ler o seu website, ver as redes sociais e artigos onde a empresa possa ser mencionada. Não só vais perceber melhor se a área de negócio e a comunicação da empresa se alinham contigo, como também vais conseguir somar mais uns pontos no campo da motivação e interesse. 

3 - Por que razão decidiste sair do projeto anterior? 

Mais uma pergunta perigosa. Nem sempre é fácil explicar porque decidimos mudar, pois isso poderá implicar falar sobre aspetos menos positivos da empresa anterior. A regra de ouro que deves interiorizar é que nunca deves falar mal das experiências, chefias, colegas ou empresas anteriores. Se o fizeres estarás a demonstrar ao recrutador que este é o discurso que poderás vir a ter com outros recrutadores, caso a experiência na empresa deste corra menos bem. 

Se saíste porque trocaste o projeto por outro que consideraste mais aliciante podes dar essa indicação.

Contudo, caso as coisas tenham corrido menos bem, tenta sempre dar uma resposta focada no futuro, por exemplo “Saí pois estava à procura de um projeto mais alinhado com o meu perfil e com os meus interesses”. 

Caso tenhas sido dispensado não o escondas, poderás dizer “Infelizmente a empresa decidiu reduzir a equipa onde me encontrava e tive de sair”. 

Se saíste e estás atualmente entre projetos, podes ainda completar a informação com aquilo que procuras no momento e que te faz estar à procura de um novo projeto. 

4 - Qual é o tipo de ambiente de trabalho que preferes? 

Esta é outra questão para a qual a pesquisa prévia é relevante. Antes da entrevista analisa o website da empresa e tenta perceber que tipo de estrutura têm. O teu ambiente de trabalho ideal deve-se alinhar com a cultura da empresa. Por exemplo se é uma empresa mais pequena e sem grande hierarquia, deves indicar na tua resposta que valorizas aspetos como a autonomia e a colaboração. Por outro lado, se for uma empresa mais estruturada podes dizer que gostas de estrutura e organização. O teu objetivo deve ser partilhar como os teus valores se alinham com o da organização

5 - Qual é a tua expectativa salarial? 

O mais importante na resposta a esta questão é pensares num valor antes da entrevista. É importante fazeres uma pesquisa sobre os valores normais para a posição para a qual te estás a candidatar. Podes usar sites como o Glassdoor ou então tentar contactar com outros profissionais no Linkedin ou na tua rede pessoal de contactos. 

Para chegares a este valor deves ter em consideração a tua experiência, educação, skills e necessidades pessoais. Deves ainda refletir sobre os benefícios que consideras essenciais e as componentes salariais com as quais tens abertura para negociar (ex: componentes flexíveis do salário, benefícios, modelo de trabalho, etc.). 

Uma estratégia eficaz para não teres de dar um valor em específico é lançares uma margem com a qual te sentes confortável, assim mostras que estás aberto a negociação sem te comprometeres com um valor específico. 

A menos que recebas muitas propostas diariamente e o salário seja um “deal breaker”, o ideal é aguardares até te colocarem esta questão durante o processo. 

6 - Lidas bem com a pressão?  

Como todos sabemos, em todas as funções e projetos existem períodos mais complicados em que o volume de trabalho ou o volume percebido poderão ser superiores. Por isso, com esta pergunta os recrutadores pretendem saber como irás reagir perante um cenário destes: és resiliente para ultrapassar estas fases ou tens dificuldade em lidar com situações mais intensas? 

Ao responder a esta pergunta é importante que sejas honesto. Se o recrutador prevê situações destas, é porque provavelmente elas irão acontecer e para a tua própria satisfação e saúde mental, é importante que estejas ciente disto e que tenhas mecanismos para lidar com estas. 

Assim, procura responder com um exemplo concreto em que conseguiste manter a calma perante uma situação stressante. Se é algo no qual ainda te encontras a trabalhar, também não há problema em dizê-lo. Mais uma vez, o importante é seres honesto com o recrutador e contigo.

7 - Quais são os teus pontos fortes? 

Aqui está a tua oportunidade para mostrares que és um excelente candidato para a vaga! Quanto responderes a esta pergunta, foca-te na qualidade e não na quantidade. Ou seja, não precisas de enumerar uma lista enorme de skills, basta dizeres algumas que consideres relevantes para a vaga e para a cultura da empresa. Sempre que possível ilustra-as com exemplos e situações que aconteceram e que demonstram como efetivamente possuis estas qualidades. 

Deixamos-te aqui uma sugestão: “Eu diria que um dos meus maiores pontos fortes é a minha capacidade de organização e planeamento. No meu cargo atual enquanto QA Specialist, ajudei o meu team leader a criar processos para praticamente todo o departamento. Tive ainda um grande contributo no que toca à documentação destes processos e agendamento de reuniões de equipa. Muitas vezes os meus colegas dirigem-se a mim em particular para partilhar as minhas notas, pois eu aponto sempre tudo.” 

8 - O que sentes que podes melhorar enquanto profissional? 

Logo após os pontos fortes é possível que surjam os pontos a melhorar, por isso leva já algumas ideias em mente. Aqui o segredo é encontrar um bom equilíbrio na resposta. 

Não deves dizer que nunca cumpres prazos, mas também não deves dizer que não te lembras de nada. Todos nós temos skills ou comportamentos que gostaríamos de mudar, por isso faz esta auto-reflexão antes da entrevista. 

O importante é selecionares algo que sabes que podes alterar e que já estejas a reunir esforços para o fazer. Por exemplo: “Uma das coisas que gostaria de melhorar é a organização. Por vezes começo diversas tarefas ao mesmo tempo e acabo por ficar no meio delas. No entanto, tenho procurado alocar um espaço de tempo específico para cada tarefa de modo a poder estar focado e concluí-la antes de passar para a seguinte.” 

9 - Estás noutros processos de recrutamento? 

Os recrutadores podem colocar esta questão por diferentes motivos. Poderá ser para perceber o quão motivado estás para a vaga ou então para perceberem se irás ficar indisponível em breve. 

Em qualquer um dos casos, a honestidade é a melhor política. Não precisas de revelar quais são as empresas para as quais estás a concorrer, basta responderes afirmativamente. Se não estiveres em processo com mais nenhuma empresa, mas não queiras passar essa mensagem, podes simplesmente indicar que estás aberto a outras oportunidades no momento. Podes sempre complementar estas respostas com a indicação de que apesar de tudo, esta é a vaga e a empresa que consideras que melhor se alinha com o que procuras, assegurando assim o teu interesse e motivação. 

10 - Por que razão tens este gap no CV? 

Por fim, caso tenhas um período no CV no qual não estiveste profissionalmente ativo, é muito provável que este seja mencionado na entrevista. Seja por teres estado a tomar conta de familiares, a tratar de um assunto de saúde, a viajar ou à procura da oportunidade certa, qualquer que seja a razão, deves estar preparado para a explicar. 

Mais uma vez, o importante é estares preparado para não seres apanhado de surpresa e seres honesto (o que não quer dizer que tenhas de partilhar mais informação do que a estritamente necessária). Podes ainda aproveitar para evidenciar as skills e o desenvolvimento pessoal que adquiriste nesse período (como formações que tenhas tirado, skills de organização ou até de línguas estrangeiras). 

Ok, agora que já conheces 10 das potenciais questões com que irás ser confrontado na tua próxima entrevista, já te podes preparar de modo a que esta corra da melhor forma possível. Foca-te em passar uma boa impressão através de uma postura segura e assertiva, mas motivada. Agora é só treinar e arrasar!