Durante muito tempo, o que realmente importava para as empresas eram as hard skills, ou seja, o curso, os conhecimentos de frameworks e linguagens, o contacto com as tecnologias e a experiência. Tudo o resto não era muito valorizado. Desde que soubesse “bater código” estava bom. Mas com o evoluir dos tempos a verdade é que as competências interpessoais (as chamadas soft skills) passaram a ser tão importantes como os conhecimentos técnicos. Numa altura em que os projetos são cada vez mais colaborativos, globais e estão em constante mudança, as empresas procuram profissionais que consigam comunicar, adaptar-se a trabalhar em equipa e claro, que tenham também as bases tecnológicas.
Atualmente, mesmo que o teu objetivo seja conseguir um cargo como programador, engenheiro de machine learning ou especialista em cibersegurança, o teu CV vai precisar de oferecer mais do que apenas conhecimentos técnicos e experiência profissional.
Na verdade, os empregadores valorizam quando, enquanto programador ou engenheiro, demonstras ter boas soft skills que complementam as tuas competências técnicas. Isso torna-te num candidato mais completo e facilita a colaboração em equipa, reduzindo problemas de comunicação e outros cenários negativos no futuro.
Mas no meio de tantas soft skills, quais são de facto as mais importantes para as empresas?
Comunicação clara
Saber comunicar é muito mais do que escrever um email sem erros (algo que qualquer pessoa com IA consegue fazer). Envolve explicar conceitos técnicos a que não os domina, defender ideias em equipa, dar e receber feedback com empatia.
Por exemplo, se és developer, precisas de comunicar com stakeholders, colegas de equipa e o teu líder de projeto. Isso inclui dar atualizações de progresso e, muitas vezes, explicar funcionalidades técnicas a públicos não técnicos, o que exige traduzir jargão técnico para uma linguagem acessível.
Os profissionais de IT que comunicam bem evitam conflitos, duplicação de trabalho, aumentam a eficiência dos projetos e tornam-se referências na sua equipa, mesmo sem cargos formais de liderança.
Adaptabilidade e gestão da mudança
Novas ferramentas, novos projetos, novos modelos de trabalho. No mundo das TI, a mudança é a única constante e é por isso que os profissionais que sabem adaptar-se a novos contextos, sem perder foco nem motivação, são vistos como recursos-chave.
Um QA Engineer pode ver o seu plano de testes mudar completamente devido a uma alteração de requisitos feita em sprint review. A capacidade de se reorganizar rapidamente e ajustar o foco permite que continue a contribuir sem comprometer os prazos ou a qualidade.
Ser flexível deixou de ser uma vantagem: passou a ser essencial.
Capacidade de resolver problemas
Não basta saber identificar bugs, é preciso pensar em soluções e fazer isso sob pressão, com os recursos disponíveis e, muitas vezes, em colaboração com diferentes equipas.
Analisando um exemplo concreto: um SysAdmin que gere servidores cloud pode precisar de resolver uma falha crítica durante um pico de tráfego. Ter a capacidade de manter a calma, diagnosticar rapidamente e propor alternativas evita downtime prolongado e protege a reputação da empresas.
A capacidade de pensar criticamente, analisar situações e resolver problemas complexos de forma estruturada é uma das competências mais procuradas por recrutadores e líderes técnicos.
Gestão de tempo e autonomia
Num contexto de trabalho remoto ou com equipas distribuídas geograficamente, a autonomia e a gestão eficaz do tempo tornaram-se num fator diferencial. As empresas valorizam quem sabe organizar o seu trabalho, cumprir prazos e priorizar tarefas sem supervisão constante. É o tipo de soft skill que transmite confiança e abre caminho para mais responsabilidades.
Pensamento crítico e capacidade de análise
Num mundo onde a informação abunda, saber filtrar, questionar e tomar decisões fundamentadas é essencial. Esta competência permite olhar para um problema de diferentes ângulos e escolher a melhor abordagem com base em dados, contexto e impacto.
É particularmente valorizada em áreas como análise de dados, arquitetura de sistemas ou gestão de produto.
Um Data Analyst que recebe um dashboard com resultados que parecem “bons demais” para ser verdade, deve ter a capacidade de validar fontes, questionar métricas e identificar possíveis erros nos dados antes de apresentar conclusões aos gestores.
Criatividade e pensamento inovador
Sim, criatividade também é uma soft skill e é cada vez mais valorizada, mesmo em contextos altamente técnicos. Soluções inovadoras, novas formas de automatizar processos ou resolver limitações de software muitas vezes surgem de quem pensa fora da caixa, mesmo que a função não tenha “criativo” no título. Por exemplo, um Backend Developer pode encontrar uma forma mais eficiente de estruturar uma base de dados que reduz o tempo de resposta de uma aplicação em 40%. Esta melhoria técnica nasce muitas vezes de uma abordagem criativa a um problema recorrente, sendo algo altamente valorizado pelas empresas.
Capacidade de aprendizagem contínua
A tecnologia muda tão depressa que o que hoje nos parece super diferente e inovador, amanhã pode ser padrão. Por isso, as empresas procuram pessoas com curiosidade, sede de aprendizagem e capacidade de se atualizar constantemente.
Esta mentalidade de crescimento (growth mindset) mostra-se não só em formações ou certificações, mas também na atitude no dia a dia.
Empatia e inteligência emocional
Saber lidar com pessoas, gerir conflitos e manter uma postura profissional em momentos de stress são qualidades cada vez mais valorizadas sobretudo para quem trabalha com clientes, stakeholders ou lidera equipas.
Um Team Lead de IT precisa de dar feedback negativo a um developer. Saber fazê-lo com empatia, focando na melhoria e não na falha, é essencial para manter a motivação e a confiança dentro da equipa.
Empatia e inteligência emocional ajudam a construir ambientes de trabalho saudáveis, colaborativos e produtivos.
Responsabilidade e sentido de compromisso
Pode parecer básico, mas nem sempre é. Chegar a horas, entregar o que foi prometido, assumir erros, pedir ajuda quando necessário são atitudes simples que constroem uma reputação sólida ao longo do tempo.
E numa altura em que a confiança é um dos ativos mais valorizados numa equipa, esta soft skill pode fazer toda a diferença.
Conclusão
Se estás à procura de um novo desafio em IT ou queres evoluir dentro da tua empresa, lembra-te disto: as soft skills não substituem o conhecimento técnico mas potenciam-no. Na verdade, são muitas vezes o fator decisivo entre dois candidatos com experiência semelhante.
A boa notícia? Estas competências também se desenvolvem. E vale a pena investir nelas.
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